Do lugar ao espaço
Comboio - Avião - Foguetão.
A caminho do espaço.
A caminho do espaço nos distanciamos da terra.
Da terra, do lugar em que nascemos.
Passageiros em trânsito na viagem do progresso, o nosso lugar é o da passagem.
O agora-aqui já não é um lugar a que nos liga o tecido de sentimentos e memórias caldeados pelos anos.
Não mais do que um feixe de instruções, efémeras sensações, conhecimentos de ocasião, a excitação das compras, o mêdo de perder o avião.
Perdidos num espaço anónimo, indistinto, normalizado, indiferente, universal, saboreamos "por um tempo as alegrias passivas da desidentificação" (M. Augé, 1992).
Um não-lugar próprio para autómatos.
Assim, vamos perdendo a sensibilidade cultivada por Proust e, com ela, a possibilidade de desfrutar as particularidades dos lugares que, aliás, liquidamos um após outro, na marcha do progresso a caminho do espaço.
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