Arquitectura e utopia
À utopia de uma vida melhor para todos contrapõe-se um processo distópico de dominação que hoje se globaliza rumo ao "admirável mundo novo".
Faço corresponder estes dois mitos aos dois "paradigmas" da tabela ao lado (1), na qual James Marston Fitch traduz "em termos de arquitectura" os "dois polos taoístas da consciência" (2).
A torre (ex)Swiss Re serve de exemplo de aplicação (sublinhado a vermelho e azul).
Este "Pepino"(?) de Foster revela-se vincadamente "yang". Foi aliás a impressão que colhi na visita ao local.
A sua forma de bala estriada não me pareceu amigável e acolhedora.
Questiono-me se as formas ortogonais não podem ser acolhedoras e amigáveis, assim como as formas arredondadas não podem ser, pelo contrário significativamente repulsivas.
Quanto à qualidade energética, a minha classificação não segue os pergaminhos que são atribuídos a este edifício de Norman Foster, pois que, segundo as informações como esta que compulsei, não preponderam nele materiais "de baixo conteúdo energético", nem se adivinha na realidade notável o comportamento energético do edifício.
(1) Fitch, J. M.(1991). Making Sense of Architecture. The Architectural Review, pg.s 68-70, nº 1136, October 1991
(2) Os dois polos taoístas da consciência, yin e yang, são categorias da filosofia clássica chinesa que, de um lado indicam o feminino, o negativo, o obscuro, o frio, o terrestre, o material e, do outro, indicam o masculino, o positivo, o luminoso, o quente, o celeste, o espiritual. Têm estre si uma relação de oposição, mas também complementar, isto é, cada uma está com a outra numa relação de mútua exclusão. A unificação e a complementaridade dos dois princípios são representadas pela imagem do Tao.. em que os pontos branco e preto indicam que cada uma das metades, preta e branca, trás dentro de si a representação da outra oposta. (Paolo Francisco Petri em "Dicionário Junguiano", pg 520, Editora Vozes, 2002)
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