Arquitectura e Engenharia
Até aos primordios da Renascença do florentino Fillipo Brunelleschi os arquitectos não se distinguiam dos engenheiros.
Foi já nos tempos Modernos, há pouco mais de duzentos anos que a arquitectura e a engenharia civil se separaram, centrando-se uma na ordem prática da construção, no que Vitruvius designou por "princípio positivo" e a outra na ordem sensível, no que Vitruvius designou por "princípio arbitrário".
Ainda hoje esta separação está longe de ser consensual, havendo países, cursos e profissionais em que ela não é evidente.
Frei Otto, Nervi, Candela, Calatrava são arquitectos ou engenheiros?
Há sim, obras como um grande ponte, em que as grandes questões são da ordem prática da construção (e da manutenção), enquanto que outras como uma pequena igreja são de ordem sensível... sem que em qualquer dos casos o sejam em exclusivo.
No meu ponto de vista, o arquitecto e o engenheiro irmanam-se na capacidade técnica de intervir no meio, devendo considerar as suas aptidões, bem como os impactes da intervenção, com o fim último de satisfazer necessidades ou exigências sociais que não lhes cabe definir.
Regressamos em termos actuais à τέχνη, a Techné (1).
(1) Segundo Cornélius Castoriadis ("A Ascensão da Insignificância"), no mundo antigo a Techné era o domínio dos especialistas. Dominio em que se podiam distinguir os melhores dos menos bons: arquitectos, construtores navais, etc. Não havia então especialistas na política que era domínio da doxa, da opinião; não havia nem epistémê nem technê políticas. Foi porventura em Platão, e agora no imaginário moderno que emergiu a pretensão a um saber político especializado, a uma epistémê politica.
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Figura: Felix Candela (1958) - Restaurante Los Manantiales
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