Tecnologia e Mito
"Often the need rises not from an outside stimulus but within technology itself" (Brian Arthur)
Entendo a tecnologia não apenas como colecção de objectos tecnológicos, mas sobretudo como um processo recursivo em que novos problemas apelam para novas soluções que criam novos problemas: desafios remetem para respostas que levantam novos desafios.
Uma tecnologia é assim um processo circular em que um fim leva a procurar os meios para o alcançar, surgindo nessa procura patamares intermédios em que se procuram meios para alcançar fins intermédios.
Se o desafio inicial sai fora do âmbito tecnológico e ata a tecnologia ao mundo imaginário dos mitos, já esse jogo entre fins intermédios e meios de os atingir, é estritamente intelectual, tecnológico: nele nos enredamos na procura do "technical fix", esquecendo os fins últimos, contextuais que estão fora do âmbito de uma tecnologia em especial, ou da tecnologia em geral: isto é, perdemo-nos pelos meios.
A fixação em problemas tecnológicos tem um problema que é o de nos enredar em problemas. É nesse sentido que se pode dizer com Giedeon que "a máquina toma o comando", esquecendo que somos primeiro criadores de símbolos e depois criadores de utensílios segundo Mumford, que "o sonho comanda a vida" no dizer do nosso Gedeão e que, afinal a obsessão tecnológica também pode constituir um sonho... ou um pesadelo, um pesadelo maquinista perseguindo um mito: O "Mito da Máquina"!
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