Reflexões Planetárias

Saturday, May 18, 2013

Mais uma crise do capitalismo?

Para os "materialistas", a saúde dos povos mede-se pelo crescimento económico, plasmado no crescimento do PIB. Apesar de misturar benefícios e custos do progresso, o crescimento de PIB manteve-se anémico na Europa e nos Estados Unidos, ao longo do primeiro lustre do século xxi, escavado a meio pela fuga de capitais para a especulação financeira. Indo por eles, os povos ocidentais estão doentes.


O que nos adoeceu? Dizem uns que foi a desastrosa deriva e depois o resgate público dos grandes bancos privados "demasiadamente grandes para falir". Dizem outros que são as ETN que, com a cumplicidade das instituições políticas, fogem aos impostos e voam para Oriente na busca de maiores lucros financeiros, deixando-nos no desemprego, agravado pelo desemprego tecnológico. Acrescentam outros que com isso ficou a oferta sem procura paralizando o crecimento económico...
Enfim, as ETN voam para Oriente, mas na China que agora se volta a fechar sobre si própria, o crescimento do PIB deixou os dois dígitos e, dizem os entendidos que não voltará lá tão cedo...
E a Ocidente como a Oriente o capitalismo de mercado encontra-se a braços com a crise energética e espalha a devastação moral e ambiental por toda a parte!
Mais uma crise do capitalismo?
Há quarenta anos, Ivan Illich antecipava uma resposta que faz eco nos dias de hoje:
"Seria um puro acto de geomancia antecipar a série de acontecimentos que poderão desempenhar o papel catalizador que teve o crash de Wall Street da, não apenas na, primeira crise da sociedade industrial. Mas seria insensato não esperar que, num futuro próximo, algo venha a provocar a paralização do crescimento industrial."
...
"Querendo antecipar os efeitos, deveremos procurar antever a mudança súbita que poderá levar ao poder grupos sociais até ao momento submissos. A calamidade em si não cria esses grupos e muito menos os faz emergir, mas a calamidade enfraquece o poder dominante que os tinha excluído da participação no processo social. É o efeito de surpresa que enfraquece o controlo, abala os mandantes instalados e faz vir acima toda a gente que não se desgovernou."
"Uma vez enfraquecido o controlo, os que se acostumaram a mandar têm que procurar novos aliados. No estado industrial enfraquecido da Grande Depressão, o establishement não podia passar sem trabalhadores organizados, pelo que estes obtiveram a sua parte do poder dentro do sistema."
Algo de semelhante poderá vir agora a acontecer... se entretanto os trabalhadores não vierem a ser dispensáveis, com a automação do trabalho e a vigilância electrónica, possibilitados pelo progresso tecnológico, a abrirem caminho ao "fascismo tecnoburocrático" da "Grande Organização" que são recorrentes nas estratosféricas distopias da ficção científica.
Para Illich, o desfecho dessa crise iminente do capitalismo, dependerá do "aparecimento de elites impossiveis de recuperar pelo sistema."

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