Reflexões Planetárias

Monday, July 22, 2013

A "super-entidade" económica

Em Setembro de 2011, Vitali, Glattfelder e Battiston, apresentaram os resultados de um estudo, segundo eles pioneiro, sobre a arquitectura da Rede de controlo global das ETN (Empresas Trans-Nacionais):
Nesse estudo, constata-se que as ETN formam já hoje uma entrelaçado gigante e que grande parte do controlo vai para um pequeno núcleo de instituições financeiras densamente entretecido, conforme se pode ver na figura. Lá estão o Deutsche Bank, Goldman Sachs, Morgan Stanley, Merrill Lynch, o defunto Lehman Brothers... Todos os grandes piratas da nossa praça, hoje com o nome cabalístico de "mercados"(1,2).
Os autores vêem este núcleo como uma "super-entidade económica que levanta novas e grandes questões aos investigadores e aos decisores políticos".
É uma forma deveras académica de ver o problema. Esse núcleo em que se concentra o poder económico no domínio financeiro, não será o aboutissement natural do capitalismo em roda livre que vai neutralizando todos os mecanismos de regulação, à medida que vai capturando o poder político(3) na globalização em curso?
A lógica do capitalismo poderá assim conduzir à negação do seu princípio basilar da liberdade individual, numa sociedade econocrática... se vencer as resistências da sociedade e da natureza.
Deixemos a natureza, para concluir esta reflexão com uma interrogação sobre a sociedade: Será que os que nos enchem os ouvidos com a litanía do "regresso aos mercados", estão do lado da liberdade ou da capitulação?
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(1) No ápice deste sistema em que a "elite global governa o mundo", está o "Bank of International Settlements", "the central bank of central banks" como diz a whistleblower Karen Hudes.
(2) Mais sobre sobre este processo de concentração do poder em "Corporate Governance: the chaotic power of financial giants" de Ladislau Dewbor(nota acreescentada em 3 de Março de 2016)
(3) Esta constelação de gigantescos grupos privados transnacionais, movimenta qualquer coisa como 50 triliões de dolares, da ordem de grandeza de toda a dívida pública do planeta. Face a esta relação de forças, será hoje possível uma solução politica "top-down" para salvar o capitalismo, como admitia Francois Perroux: "uma solução política, radicalmente renovada nos seus fins e nas suas técnicas que imporia ao mundo económico o reconhecimento do seu lugar subordinado, dando início a uma nova fase do capitalismo"? Mas por outro lado pelo que hoje se adivinha, não parece impossível que esta gigantesca constelação de poder económico hoje financeirizado venha a confrontar-se com rendimentos marginais decrescentes, enredando-se (e todos nós com ela) num gigantesco embróglio feito de burocracia e corrupção, agravado pelos efeitos das suas externalidades sociais e ambientais. Não será então inevitável uma soluçao "politica" "bottom-up" para salvar a sociedade... do capitalismo(?)

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