Do regresso à axialidade da ética

Não falo da "ética republicana", mas da ética. Simplesmente da ética.

Uma ex-ministra não se coibe de, continuando a ser deputada, saltar rápidamente do governo para uma empresa privada que negoceia com créditos mal parados.
Esta empresa também não se coíbe de publicar que a contrata por ser ex-ministra com "uma riqueza de experiência na gestão de dívida", subentenda-se competência ou informação priveligiada enquanto tal? Informação privelegiada que lhe interessa para os seus negócios em que o Estado continua envolvido e pode ser prejudicado (1).
Se fosse uma caso excepcional... mas não é!
Vivemos um tempo de profundas e inquetantes mudanças em que precisamos de uma sólida estrutura de valores!
Foi num periodo semelhante, entre os séculos vi e v AC, o "periodo axial", assim designado por Jaspers que foram criados em todo o mundo os grandes sistemas éticos e religiosos, com Confucio e Lao Tze na China, Buda na Índia, Zoroasto no Irão, os filosofos pré-socráticos na Grécia e o maior dos profetas judaícos chamado Deutero-Isaías.
Não por acaso um periodo igualmente marcado por uma grande instabilidade, não só social mas também climática, como salienta David Hackett Fisher.
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(1) É o caso MLA (Maria Luísa Albuquerque). O Caso MLA empalidece face ao recente caso JDB que vem desse bloco de gelo egoísta que é José Durão Barroso... e que os seus pares europeus procuram no geral desvalorizar. Abjecto! Só têm que queixar-se deles próprios pelo descrédito em está a cair a sua (falta de) classe política e pelo mal que fazem à democracia!
No backlash neoliberal que sofremos vai para trinta anos, eles não param de nos brindar com exemplos cada vez mais descaradamente indecentes, da entrega ao poder financeiro do poder político que lhes foi delegado pelos povos.