Desmontar a "teoria do mercado"
Hoje, é para mim fundamental desmontar a "teoria do mercado".
A "teoria do Mercado" é a besta renascida que temos pela frente. Domina a União Europeia e o nosso governo em que é personificada pelo Ministro do Orçamento Vitor Gaspar.
Apenas uma teoria! Então e a ganância? Eu sei que vivemos sob o signo da ganância... mas a ganância como a superlativa "vontade de poder", não é propriamente uma novidade dos tempos modernos.
Novidade, no "tempo longo", será o progresso científico-tecnológico e, designadamente a "teoria de mercado" que, porventura sem querer, confere à ganância os meios e a cobertura conducentes à virulência e à aceitação que hoje tem entre nós.
A "teoria do mercado" remete para o mecanismo do mercado a resolução de todos os nossos problemas.
Fala-nos ao coração falando de liberdade, mas a "liberdade de escolher", como verificamos hoje todos os dias, é uma falácia num mundo em que se acentuam as desigualdades sociais e o poder se concentra em grandes ETN, precisamente por via da competição mercantil.
Para mais, entendamo-nos, a liberdade nela, consiste em libertar a economia do princípio moral que substitui por um "óptimo de Pareto" associado ao crescimento económico - "na enchente todos os barcos sobem" - para que tenderia a repartição dos benefícios, numa vida feita de negócios entre agentes perfeitamente racionais e informados.
Uma abstração que nos acorrenta a leis económicas inflexíveis - o que nos está a acontecer enquanto cobaias da experiência económica do nosso Ministro do Orçamento Vitor Gaspar; um modelo behavourista cujo mecanicismo já teve melhores dias nas ciências da vida e mesmo na física... e que nos está a trazer hoje dias cada vez piores (*)!
Recuso-me a aceitar a economia política como ciência, como pretendem os walrasianos. Coisa diferente é o uso do método científico. Que o faça correctamente, com honestidade intelectual e não enviezada por interesses ou crenças... o que não parece ser fácil, como estamos a sentir na pele!
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(*)"No século XVII, as tentativas para descrever um comportamento racional em termos matemáticos depararam com problemas com a formulação do paradoxo de S. Petesburgo. A celebre solução de Bernoulli de usar a "utilidade" em vez do dinheiro, marca o início da teoria da utilidade esperada (EUT; "expected utility theory"). O trabalho de Bernoulli é agarrado pela psicofísica que por seu turno desempenha um importante papel na construção da economia moderna. Em 1940-50 von Neuman e Morgenstern abandonam Bernoulli e a psicofísica, e redefinem a "utilidade" em termos monetários.
Apoiados nesta definição de "utilidade" e nos condicionamentos axiomáticos das preferências individuais de Neuman e Morgenstern, Friedman e Savage tentam continuar a investigação de Bernoulli. Depois destes falhanços, a economia e a psicofísica seguem caminhos separados. A economia emprega a distinção positivo-normativo de Friedman; a psicologia usa a distinção normativo-descritivo de Savage. Usando a psicofísica, Kahneman e Tversky alargam a distinção normativo-descritivo e argumentam cada vez mais em favor de uma teoria descritiva do comportamento racional. Um parte proeminente da economia behavorista contemporânea funda-se na exportação para a economia do programa de Tversky e Kahneman. Esta investigação divide-se em dois ramos. Um ramo continua Kahneman e Tversky na busca de uma teoria descritiva do comportamento racional e acrescenta à distinção normativo-descritivo uma parte prescritiva. Um segundo ramo considera o trabalho de Kahneman e Tversky como uma falsificação da economia positiva. Argumenta que a economia deveria ter em consideração a crítica da psicologia, mas fixando-se na construção de um modelo matemático e na distinção positivo-normativo de Friedman" (Floris Heukelom, 2006)
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