Reflexões Planetárias

Wednesday, October 24, 2012

A Grande Banca e as ETN

Numa entrevista de 2010 sobre a actual "crise do capitalismo" , Leo Panitch aborda a nevralgica ligação entre a Grande Banca e as ETN (Empresas TransNacionais) na fase actual da globalização capitalista.
"É ilusório imaginar - nota Leo Panitch - que a finança é o mundo de Gordon Gecko, o "mau capitalismo" enquanto que o que a GM pratica é "bom capitalismo" e que a GM está nas lonas por causa do mundo de Gordon Gecko. Nada disso. Trata-se simplesmente de capitalismo; o capital produtivo das grandes empresas industriais e comerciais como a Wal-Mart bem como a grande banca, são parte de um todo e precisamos de entender a forma como se interligam"
Uma ligação não isenta de conflitos na Banca, nas ETN e entre a Banca e as ETN, com a aparente ascendência da Grande Banca privada (1).


Entretanto, não parece evidente que a deriva especulativa da Banca tenha prejudicado o mundo das ETN, o que não quer dizer que o merging que porventura ocasionou não tenha prejudicado as menos competitivas e, por maioria de razão as PME, seguindo a lógica do sistema capitalista.
O "gato de sete foles" do capitalismo está actualmente em crise, mas não está talvez moribundo como julga Slavoj Žižek e Karl Polanyi julgou que estava, na anterior crise dos anos trinta... erradamente como viemos a verificar.
Para Leo Panitch, tal como para Noam Chomsky, a economia de mercado, liderada pela Grande Banca e pela constelação das ETN, está em expansão por todo o mundo, no que usualmente se designa por globalização.
Caíram na sua órbita a China, a Rússia e a Índia, com efeitos dramáticos na Europa e nos Estados Unidos que agora alastram à "classe média" que tem sido o principal suporte social do capitalismo.
A onda de choque da recente crise de Wall-Street, está a ser aproveitada pela Grande Banca alinhada com as ETN para assaltar os povos europeus, culminando uma ofensiva plutocrática, dita neo-liberal, que vem dos anos setenta e se intensificou a partir dos anos oitenta.
Os seus generais não são militares, mas economistas neoclássicos que, subrepticiamente, têm vindo a ser instalados nas principais instâncias do poder político, com a conivência dos partidos do arco da governação, como aconteceu em Portugal.
No actual governo, são Jorge Gaspar e António Borges que contam para os plutocratas que querem internacionalizar a nossa economia para tirar proveito das nossas "vantagens comparativas" e não o tenor Passos Coelho, um pobre títere que tem cumprido, aliás desjeitadamente, a missão que lhe foi confiada: acalmar os ânimos da "populaça", fustigada pela dureza crescente das "medidas de austeridade".
Missão cada vez mais difícil, visto que o fascínio do progresso - tecnologia, cornucópia da abundância, nivel de vida, felicidade - que mantinha os eleitores confiantes no "sistema", está a ser minado pela austeridade sem fim, pela perda de confiança nos líderes e nas instituições, bem como pelo medo. Pelo medo acentuado pela insegurança e pela incerteza do que vem a seguir.

Mas - e isto é que é mais grave - não está conseguida a alternativa democrática à altura desta ameaça plutocrática que assola o mundo inteiro. Existem ideias, muitas ideias; falta conseguir a convergência e organização para a levar em frente.
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(1) Até no nosso pequeno rectangulo isto vem de trás. Lembremo-nos da quantidade de empresas que arrastou consigo a nacionalização da Banca, na sequência de "11 de Setembro de 1975".

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