Reflexões filosóficas sobre a modernidade
Sobre a Felicidade
Individualistas, enredados no darwinismo social da "sociedade de mercado", sempre com o olho no que tem o vizinho, nunca seremos felizes. Afundamo-nos na ansiedade de nunca termos o suficiente, fazendo depender a felicidade do acréscimo de riqueza material.
O que precisa de pouco tem a felicidade na mão, no meio da abundância de que fala Marshall Sahlins, praticando a austeridade feliz de Ivan Illich.
Por vezes sentimo-nos felizes sem precisar mesmo de nenhuma riqueza na acepção walrasiana da acumulação de coisas úteis, escassas, apropriáveis, produtíiveis e trocáveis.
Somos assim simplesmente felizes na contemplação de uma bela paisagem ou na convivência desinteressada com os nossos melhores amigos... O que nos pode levar a pensar que a verdadeira riqueza é a felicidade que é inútil, inapropriável, improdutível, introcável, mas infelizmente escassa!
Sobre o Egoísmo
A "sociedade de mercado" assenta no egoismo.
Mas como pode uma sociedade feita de egoistas lançar-se com sucesso em empreendimentos colectivos que parecem não ter paralelo na história da humanidade?
O progresso técnico-científico é fruto do trabalho individual de grandes cientístas e técnicos, mas eles são anões no ombro de um gigante que é a comunidade técnico-científica multigeracional.
O que acontece é que não somos todos egoístas... que, porventura, não passam de uma minoria.
O que acontece é que, astuciosamente, os egoístas se aproveitam desse ancestral mutualismo, dessa sociabilidade humana orientada para o bem comum que persiste.
Mas não é liquido que o capitalismo não acabe por corroê-la, cavando assim os egoístas e a sua tecnocracia mercantil a sua própria sepultura.
A "economia de mercado" nasceu com Adam Smith, no domínio da moral e vai acabar com ela. Acaba uma ou outra.
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