Reflexões Planetárias

Sunday, May 27, 2012

Rendimentos marginais decrescentes

Para o antropólogo Joseph Tainter, o Império Romano do Ocidente colapsou por via de rendimentos marginais decrescentes, à medida que foi aumentando o custo e diminuindo o proveito da expansão para regiões cada vez mais distantes e pobres. No seu trabalho sobre "O Colapso das Sociedade Complexas" vai mesmo mais longe, ao pretender provar que teria sido essa a via principal que conduziu ao colapso das grandes civilizações da antiguidade... O que é pelo menos discutível.
Mas é indiscutível que a lei dos rendimentos marginais decrescentes se verifica em diversos campos da nossa vida. No isolamento térmico das casas o sobrecusto no investimento aumenta mais depressa do que diminui a correspondente economia de energia de aquecimento. Na exploração de petróleo o input de energia tem vindo a aumentar mais depressa do que o output... Na investigação científica os custos de investigação têm vindo a aumentar mais depressa do que os resultados mensuráveis. Fixemo-nos este último caso, por sinal abordado por Tainter na obra referida acima, e que tem sido objecto de estudos publicados em revistas científicas como este de que se extraiu o seguinte gráfico:


O progresso técnico-científico requer cada vez mais meios de toda a ordem. Entre estes, requer capital financeiro de que depende cada vez mais, seguindo a lei dos rendimentos marginais decrescentes.
Cresce assim a sua dependência do sistema financeiro e, portanto, cresce o poder dos bancos para regular, gerir, dirigir a investigação científica no sentido que pretendem imprimir à economia.
Economia, por seu turno cada vez mais capital-intensiva porque mais dependente da tecnologia, seguindo a lógica do capitalismo, na sociedade (subordinada à economia) de mercado em que vivemos.
Estamos assim encerrados num sistema fechado que se reforça numa regulação em tendência que, começando pelos elos mais fracos pode conduzir, pela lei dos rendimentos marginais decrescentes, ao colapso da nossa sociedade que, por este caminho, só poderá esperar pelos bárbaros.
Não defendo que percorremos caminhos tão perigosos por uma inevitabilidade da Natureza.
Mas por que queremos ir por aqui?
O que nos impele?
O que perseguimos?
Será o mito prometeico?
O Mito da Máquina, de Lewis Mumford?
A Hubris, de Gregory Bateson?
Uma desmedida ambição estimulada pelo sucesso? Sede de poder?
Tudo explicações do domínio da ψυχή, da psyche colectiva, pois se trata de um processo, de uma efabulação, de uma construção mental de dimensão social.
Os racionalistas ficarão insatisfeitos com esta explicação que passa para o domínio obscuro da mente, em que moram emoções e sentimentos, o mito, o sagrado...
Mas será a vida inteiramente racional, determinada?
Não tem a vida uma dimensão criativa, poética que pode correr mal... mas também capaz de revelar saídas surpreendentes?
Estou em crer que sim!

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