Floresta de enganos
Olhar só as grandes árvores impede-nos de ver a floresta.
A "lógica do maior ganho financeiro" tem ganhadores e eles tem nomes, mas não se deve reduzi-la a conspirações e planos em que um clube de "ricos" concerta estratégias de poder cujos efeitos o resto do mundo sofre candidamente.
Não! O resto do mundo também embarca nesta lógica do ganho.
Veja-se a aplicação dos Fundos de Pensões nos CDS. Ela envolve os pensionistas na especulação financeira. É certo que por obra de gestores financeiros sem dar cavaco a ninguém.
Mas não deixa de envolver muita gente que, uma vez envolvida, cede à conivência, com medo de perder a reforma.
E depois, não há muito boa gente, até de esquerda, que jogou (e joga) na bolsa, em produtos financeiros, sem cuidar de onde vêm os juros que.... quanto maiores melhor?
Quantos de nós ao menos ouviram falar dos bancos éticos como o Triodos ou o Jak Bank ou das experiências com o dinheiro local, inspiradas no bem sucedido exemplo da cidade austriaca de Wörgl nos anos trinta?
E quantos de nós compram roupas "de marca" ou pechinchas nos "chineses", sem querer saber dos atorpelos sociais e ambientais que se escondem por detrás dos preços?
Não estão os maus de um lado e os bons do outro. A fronteira da moral passa por dentro de todos nós...
O que não nos pode levar a julgar todos por igual - ele há uns que são mais iguais do que outros, num mundo cada vez mais desigual em que "os mais ricos desistiram de qualquer pretensão de uma existência compartilhada com o resto de nós"(*).
E, por outro lado, nos leva a combater um sistema que corrompe por natureza, não só os mandarins e sacerdotes do mercado mas todos os que embarcaram na grande inversao em que se pretende que o mercado mande na sociedade e na natureza.
É um combate com século e meio e a grande reversão está para peras!
______________________________________________________
(*) relembro a propósito o que disse aqui: "Os senhores que agora estão a munir-se de proventos anuais de seiscentos mil euros, poderão pensá-los como uma folga, uma "almofada" capaz de proteger o seu bem-estar contra o brutal aumento do custo de vida durante o resto da sua vida... mas acentuar-se-à brutalmente o fosso entre os super-ricos... e os "outros", os pobres, a populaça.
A conflitualidade social aumentará e com ela as medidas de segurança. Não da segurança social mas da outra, a policial, em cidades sitiadas."
E aqui: "É compreensível que a comoditização do trabalho humano, na lógica capitalista acoplada à eficiência tecnológica, conduza à imparável redução dos custos do trabalho e, finalmente, ao desemprego tecnológico. No fim da história teremos uma sociedade maquinista, constituida por uma classe possidente de ricos e por "robots". Um cenário recorrente na ficção científica".
0 Comments:
Post a Comment
<< Home