De olhos postos na Grécia
Há cerca de um ano fazia-se aqui eco das preocupações de Stathis Kouvelakis, suscitadas pelas manifestações inorgânicas que ocorriam na Praça Syntagma.
Observava então com pertinência Stathis Kouvelakis: "Se a esquerda e as forças sociais organizadas não forem capazes de enfrentar este desafio, se elas se apresentarem fracas e fragmentadas, serão varridas pela dinâmica das relações sociais, pelo crescente desespero e, provavelmente, pela emergência no seio da sociedade, das tendências mais reacionárias e agressivas.
Se encontrarem formas de intervir e oferecerem uma perspectiva genuína que articule o descontentamento popular, então esta perigosa situação pode dar lugar a perspectivas de futuro para o país, para o movimento popular e, ainda, para as forças progressistas da Europa e do resto do mundo."
Os constrangimentos da política de austeridade vieram abalar a conivência tácita de uma maioria silenciosa com a cleptocracia a troco de benesses. Consequentemente, os desacreditados partidos do centro, manobrados por banqueiros e eurocratas, colocaram as "forças de esquerda" na posição dificílima mas histórica - meço bem as palavras - de lançar no tabuleiro da democracia representativa "uma perspectiva genuína que articule o descontentamento popular".
A situação da Grécia é crítica e as notícias que correm na comunicação social não deixarão de amedrontar o povo grego que irá a votos no próximo domingo.
Apanhado no enorme turbilhão da sociedade de mercado, com epicentro nos mercados financeiros e abrangendo a Europa e os Estados Unidos, o pequeno Syriza está no fio da navalha, pelo que é oportuno conhecer o Syriza, as suas principais intenções e o seu programa.
O Syriza, tal como o Partido Comunista (KKE), "acredita na mudança através de eleições". Mas nem toda a esquerda pensa que isso é possível: Será possível a Grande Reversão subordinando os mercados à sociedade, o poder económico ao poder político democrático no quadro estrito da actual democracia representativa?
Não é só o Syriza que está no fio da navalha, somos todos nós!
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19.06.12 Um primeiro comentário sobre os resultados eleitorais: As eleições revelaram que a maioria silenciosa corresponde a mais de 40% dos votantes que, em parte por medo, renovaram o pacto tácito com a cleptocracia dos partidos do centro manipulados pelos "mercados" e eurocratas. Se entrarmos com as abstenções, são cerca de 25% dos eleitores inscritos, o que é muito, mas também mostra como é falsa esta democracia representativa, para mais na Grécia em que o partido mais votado tem direito a um substancial bónus de deputados!
20.06.12 Adimtamos que os partidos que (des)governam a Grécia há quase 40 anos formam um governo de coligação. Os 25% de apoiantes serão suficientes para impedir a deterioração do clima social na Grécia face ao agravamento da política de austeridade, mesmo com alguns retoques dos "eurocratas"? A humilhação a par do empobrecimento em perpectiva são desesperantes!
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