A "selva urbana"
Dizia eu há quase nove anos:
"Nos Estados Unidos, as grandes superfícies comerciais atingiram proporções gigantescas em espaços modernos semi-públicos doentios, adentro de um processo de fragmentação social, em que proliferam os condomínios fechados e o espaço público é abandonado à marginalidade, criando-se assim condições de inseguranca social que justificam, em parte, o boom dos "SUV" para a travessia da "selva urbana".
Não me parecendo estarmos por cá de todo imunes à massificação urbana pelo abuso tecnológico, reforçava então a referência ao "SUV" com a imagem de um grande outdoor que se encontrava na praça Duque de Saldanha em Lisboa.
Reforço agora a referência à "selva urbana" com este desenho que acabei de encontrar entre os meus papeis. Desenho de um jovem estudante publicado há trinta e dois anos no Diário de Notícias de 7 de Fevereiro.
O, então jovem, Francisco Sousa deu-lhe este nome: "Selva".
Fazendo-o vivo e com saúde, interrogo: Que dirá ele hoje, aos quarenta e sete anos de idade?
Há dois anos e meio publiquei um desenho de "Joana" em contraponto com "as cidades felizes de Hundertwasser". "Joana" (de Lisboa) e o jovem de Beja desenham a mesma cidade moderna, enorme, abstrata e mecanizada. Cidade onde não viviam, nem parece que gostariam viver, mas que sentem ou pensam vir ser a cidade do futuro? Porquê?