Reflexões Planetárias

Thursday, August 20, 2015

"A origem do mal"

Competividade! Competitividade! Competitividade!
Todos os dias, governantes, sábios, especialistas, comentaristas e outros papagaios da comunicação social nos massacram na televisão e nos jornais com a "competitividade" e o "empreendedorismo"!
Competição! Competição de todas as espécies e em todas a escalas! De uns contra os outros no mercado de trabalho, clubes" competitivos, cidades competitivas, regiões competitivas, países competitivos...
Em 1949, Albert Einstein expunha de forma sintética e cristalina o que pensava sobre a situação política, que afinal veio até hoje:

Um capitalismo incorrigível. Nele prevalecendo a competição e o individualismo absoluto, caminhamos, de crise em crise, para a privatização do poder que cada vez mais se concentra numa oligarquia possidente.
Uma alternativa socialista em que prevalecerá a cooperação sobre a competição e em que a personificação individual será em grande parte uma construção social se... se conseguirmos vencer a perversão burocrática.
A exposição de Einstein introduzia então o lançamento de uma nova revista que ele assim contextualizava. Era a revista "Monthly Review" que ainda hoje existe editada por John Bellamy Foster.

Thursday, August 13, 2015

A Grécia surpreende!

Esta noticia encontrava-se hoje de manhã no Guardian sob o título "Greece surprises with 0.8% economic growth in second quarter":
"...Greece stunned the financial markets by announcing that its economy grew by 0.8% in the three months leading up to the crisis that forced Athens to close the banks and impose capital controls.
Figures from Greece’s statistical agency ELSTAT showed that the country grew more strongly between April and June than the UK, which advanced by 0.7%, even though the last few weeks of the quarter in Greece were dominated by reports of money leaving the country and fears of a debt default.
ELSTAT also revised away a fall in GDP in the first three months of 2015 and now says that the economy was at a standstill during that period.
As a result, Greece was no longer technically in recession over the quarter since the economy’s output did not decline for two successive quarters."
Encontrava-se. Agora encontra-se sim, mas encapsulada em "sérias preocupações" sob o título: "Greece creditors raise 'serious concerns' about spiralling debt levels" . Até parece que disseram aos autores da notícia: vejam lá se arranjam outro titulo mais conveniente e embrulhem convenientemente essa história!

Afinal parece não ser verdade o descalabro económico provocado por um "partido de estrema esquerda" que têm andado a buzinar os nossos governantes, partidos do arco da governação e papagaios da comunicação social!
A minha interpretação desta notícia, não obstante a posição crítica que partilho sobre a construção e manipulação de um PIB, é de que o povo grego, tão massacrado por sucessivas ocupações, ingerências e ditaduras há centenas de anos, está a resistir estoicamente mais uma vez e, mais uma vez à Alemanha por interposta Europa, com as fracas e escassas armas de que dispõe entre as quais a economia informal, aos corrosivos efeitos do braço de ferro entre o governo grego e um directório europeu que recorre à intimidação e à chantagem para liquidar o Syriza. Nem o anti-democrático garrote financeiro aplicado pelo BCE amedrontou o povo grego levando à vitória do "Sim" no referendo de 6 de Julho. Não levou!

Pela vexatória resposta do ditectório ordoliberal, ficámos a saber que não há alternativa à distópica política de austeridade dentro do euro!
Não se pode esperar que o directório europeu do capitalismo, neste momento crítico da globalização, aceite no seu clube o governo de um partido marxista. Assim sendo, a Grécia será chantageada até o Syriza sair do governo nem que com ele saia a Grécia do euro. Com a Grécia, estão indirectamente a ser chantageados Portugal e Espanha, com eleições à porta! "...é o risco de contágio ideológico ou político que me preocupa", confessou o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk (Financial Times, 16 de Julho).

Monday, August 03, 2015

O trunfo de Obama

O Presidente Obama anunciou com grande fanfarra o seu "Clean Power Plan".
Oportuno! Este Plano poderá ser um trunfo para Obama tomar a liderança na Conferência das Nações Unidas para as Alterações Climáticas, a realizar no próximo mês de Dezembro em Paris.
É assinalável que Obama vá para esta conferência empenhado em relançar o combate ás alterações climáticas.
Se fosse um "Climate Change Plan", seria um grande trunfo.
Não é!
Obama apresenta números impressivos: equivale a tirar das estradas 166 milhões de carros!
Mas a verdade é que não tira nem um!
Quero dizer o seguinte: O Plano vai limitar-se ás centrais termo-eléctricas que são parte ao sector energético. Ora este sector é, nos Estados Unidos, responsável apenas por 30% das emissões de CO2. É muito... mas são 30%.
A maior parte fica fora: os outros 70% permanecem intocáveis, designadamente o sector "transportes" e os "edifícios de habitação e serviços".
Ainda assim, ele irá ter decerto a fortissima oposição do lobby das centrais térmicas e dos Republicanos, bem como de muitos dos Estados que, ficando responsáveis pela implementação do plano não deixarão de criar resistências adicionais!
O quadro anterior que vem no artigo da BBC News, dá uma ideia da resistência que poderão oferecer alguns estados, só pelo facto de serem fortemente dependentes das centrais a carvão. Os interesses em jogo são enormes.
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Actualização em 22 de Março de 2016: No número 1140 de 12 de Fevereiro de 2016 da revista Internazionale, pode ler-se a páginas 28: "Il 9 febbraio la corte suprema ha bloccato il piano del presidente Barack Obama per ridurre le emissioni di anidride carbonica del 32 per cento entro il 2030." Cá está! Era de esperar!