Reflexões luditas
Libertar o homem das tarefas aviltantes foi um desígnio primordial da mecanização da nossa vida quotidiana, dos "escravos mecânicos" segundo Buckminster Fuller.
Mas desde logo houve quem se preocupasse com o abuso da máquina.
Pautando-se ainda pela moral e pelos temores do "velho mundo", Colbert considerava a máquina "o inimigo do trabalhador" e Montesquieu dizia que "as máquinas que diminuem o número de trabalhadores são perniciosas".
Não podemos menosprezar as consequências do abuso da máquina.
Na medida em que cria desemprego.
Na medida em que se tornam desmedidos os recursos materiais e energéticos, necessários para sua construção e sua utilização.
Na medida em que se substitue ao homem em tarefas "nobres" que indevidamente são mecanizadas.
Na medida em que a máquina cria excessivas dependências técnicas e, por essa via, favorece abusivas dependências ou desigualdades sociais.
Na medida em que a máquina cria um ambiente mecânico que, se é exaltado pelos progressistas incondicionais, não deixa de ser criticado pelos que sentem que ela os impede de manter uma relação intima e profunda consigo próprios, com o seu semelhante e com o meio natural, isolando-os numa redoma mecânica embrutecedora.