Reflexões Planetárias

Thursday, May 12, 2011

Um caso (tristemente) exemplar

Há cerca de um ano esteve em Lisboa Herman Hertzberger que, numa conferência no LNEC, nos contagiou com a sua visão da arquitectura escolar como forma de construir a felicidade numa sociedade aberta, participativa.

Herman Hertzberger - Montessori College Host, Amsterdam

Estava então em curso o Programa de Modernização do Parque Escolar, lançado três anos antes, financiado por fundos europeus (QREN) e pelo PIDAC e beneficiando de um crédito bancário do Banco Europeu de Investimento.
Grande oportunidade para potenciar a "cultura de aprendizagem" que transparece nas escolas e no discurso de Hertzberger, aproveitando da melhor maneira os recursos financeiros disponibilizados, na construção de escolas mais sustentáveis.

É aliás o que está plasmado no primeiro dos três objectivos fundamentais do Programa de Modernização que diz o seguinte
:
"Recuperar e modernizar os edifícios, potenciando uma cultura de aprendizagem, divulgação do conhecimento e aquisição de competências, através de intervenções que permitam:
• Corrigir problemas construtivos existentes;
• Melhorar condições de habitabilidade e de conforto ambiental, com particular ênfase na higrotérmica, acústica, qualidade do ar, segurança e acessibilidade;
• Adequar espaços lectivos e não lectivos e modernizar os respectivos equipamentos;
• Garantir flexibilidade e adaptabilidade dos espaços lectivos e não lectivos, de modo a maximizar a sua utilização e a minimizar investimentos no futuro;
• Garantir a eficácia energética dos edifícios de modo a reduzir os custos de operação."

E então o que aconteceu?
Aconteceu que a Parque Escolar como que interpretou às avessas este primeiro objectivo!
É o que o que se constata na seguinte reportagem:



Aplicou mal recursos financeiros em beneficio de alguns construtores, mas em prejuízo das novas gerações e das próprias escolas que pagam agora uma renda à Parque Escolar que lhes entregou edifícios com acrescidas despesas de manutenção.
Um caso (tristemente) exemplar de (má) aplicação de recursos financeiros, incluindo fundos europeus, pelo Estado por via das suas empresas públicas. Neste caso a Parque Escolar, "a quinta empresa pública mais endividada de Portugal".
Pugnemos por um serviço público digno e eficiente.