Esta noticia encontrava-se hoje de manhã no Guardian sob o título "Greece surprises with 0.8% economic growth in second quarter":
"...Greece stunned the financial markets by announcing that its economy grew by 0.8% in the three months leading up to the crisis that forced Athens to close the banks and impose capital controls.
Figures from Greece’s statistical agency ELSTAT showed that the country grew more strongly between April and June than the UK, which advanced by 0.7%, even though the last few weeks of the quarter in Greece were dominated by reports of money leaving the country and fears of a debt default.
ELSTAT also revised away a fall in GDP in the first three months of 2015 and now says that the economy was at a standstill during that period.
As a result, Greece was no longer technically in recession over the quarter since the economy’s output did not decline for two successive quarters."
Encontrava-se. Agora encontra-se sim, mas encapsulada em "sérias preocupações" sob o título:
"Greece creditors raise 'serious concerns' about spiralling debt levels" . Até parece que disseram aos autores da notícia: vejam lá se arranjam outro titulo mais conveniente e embrulhem convenientemente essa história!
Afinal parece não ser verdade o descalabro económico provocado por um "partido de estrema esquerda" que têm andado a buzinar os nossos governantes, partidos do arco da governação e papagaios da comunicação social!
A minha interpretação desta notícia, não obstante
a posição crítica que partilho sobre a construção e manipulação de um PIB, é de que o povo grego, tão massacrado por sucessivas ocupações, ingerências e ditaduras há centenas de anos, está a resistir estoicamente mais uma vez e, mais uma vez à Alemanha por interposta Europa, com as fracas e escassas armas de que dispõe entre as quais a economia informal, aos corrosivos efeitos do braço de ferro entre o governo grego e um directório europeu que recorre à intimidação e à chantagem para liquidar o Syriza. Nem o anti-democrático garrote financeiro aplicado pelo BCE amedrontou o povo grego levando à vitória do "Sim" no referendo de 6 de Julho. Não levou!
Pela vexatória resposta do ditectório ordoliberal, ficámos a saber que não há alternativa à distópica política de austeridade dentro do euro!
Não se pode esperar que o directório europeu do capitalismo, neste momento crítico da globalização, aceite no seu clube o governo de um partido marxista. Assim sendo, a Grécia será chantageada até o Syriza sair do governo nem que com ele saia a Grécia do euro. Com a Grécia, estão indirectamente a ser chantageados Portugal e Espanha, com eleições à porta! "...é o risco de contágio ideológico ou político que me preocupa", confessou o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk (
Financial Times, 16 de Julho).