Reflexões Planetárias

Thursday, January 30, 2014

Euro 2014

A Europa é hoje dominada pelo polo germânico do capitalismo [1].
Uma centena economistas [2] está a tecer um sistema de poder de matriz calvinista, austeritário para os povos.
Eles são os sacerdotes de uma facção da religião laica "moneteista", a economia de mercado, em que dominam os "eleitos" - os" ricos" - e, por via do progresso tecnológico, os grandes grupos economicos (ETN, Empresas Trans-Nacionais) na economia e os grandes bancos, ditos "mercados", na finança. Não será de estranhar que estes sejam predominantemente germânicos.
Este sistema de poder capitalista estende os seus tentáculos por toda a Europa servindo-se da Comissão Europeia e dos representantes do governos que integram o Conselho Europeu, como o de Passos Coelho, cujas torpelias, indigência e corrupção tolera, porque cegamente obedientes ao seu credo e aos seus interesses.
Face aos sinais de devastação social que esta política de austeridade já está a desencadear e receando os resultados das próximas eleições europeias, os governantes europeus desdobram-se agora numa barragem de declarações concertadas no propósito de convencer os povos (e convencer-se a si próprios?) do sucesso da europa mercantil e dos programas de ajustamento: uma opera buffa representada no palco mediático por titeres políticos e assistida por uma esquerda desmoralizada e sectaria, incapaz de se unir em defesa do essencial: o bem comum.
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[1] Considero, a ocidente, três polos fundamentais no capitalismo: o germânico calvinista em que ganhou peso o ordoliberalismo, o francês racionalista hoje marginal(?), e o anglo-saxónico pragmático, sem menosprezar a influência primordial da "escola austríaca" na neoliberalização em curso.
[2] Segundo Ricardo Cabral, na conferência que também contou com a participação de José Castro Caldas (IAC), realizada ontem, 29 de Janeiro, no Centro de Informação Urbana de Lisboa, precedendo a entrega hoje, na Assembleia da República, da Petição "Pobreza não paga a dívida: renegociação já", promovida pela IAC (Iniciativa para a Auditoria Cidadã) e subscrita por mais de seis mil cidadãos.

Thursday, January 23, 2014

"Hard times"(!)

Trinta anos de neoliberalismo desde Reagan e Tatcher levaram-nos a isto:
Presa dos "mercados" na sequência da crise financeira com epicentro em Wall Street, a liderança neoliberal da Comissão Europeia recuou na dimensão social e agora na dimensão ambiental do projecto europeu (!!), na proposta que vai submeter à aprovação do Parlamento Europeu(!!!).
Está de parabéns Álvaro Santos Pereira... pelas piores razões. A Europa segue os Estados Unidos, no primado da "economia de mercado" sobre a ecologia. Alicerçada em terrenos movediços, está em dificuldades a Plataforma do Eng. Moreira da Silva.

Nada de admirar para quem não acredita na regulação das nossas relações com o clima por via da economia de mercado.
Os mercados têm que ser regulados pela sociedade.
O poder económico tem que se subordinar ao poder político que, para o efeito, tem que ser pressionado pelos cidadãos.
Neste sentido, corre um abaixo-assinado dirigido ao Parlamento Europeu que visa apoiar os deputados que discordam desta proposta de capitulação da Comissão Europeia.
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(!) Charles Dickens falava dos tempos difíceis nas cidades novecentistas britânicas assoladas pelo "darwinismo social" do capitalismo nascente e pela poluição industrial que hoje se globalizaram!
(!!) Recuo na dimensão ambiental auxiliado pela infeliz conjugação da eficácia da recessão económica na contenção da emissão de GEE (gases com efeito estufa) nunca alcançada pelos mecanismos de mercado, com a nova miragem dos combustíveis fosseis não convencionais.
(!!!) Compare-se a persistente rigidez das abstratas metas financeiras impostas aos países como Portugal, com as cedências na "taxa de CO2", na cota das "energias renováveis" e na "eficiência energética" em nome da "competitividade" das (grandes) empresas industriais europeias... numa altura em que as próprias ETN (Empresas TransNacionais) começam a reconhecer efeitos negativos das Alterações Climáticas nos seus negócios.

Friday, January 17, 2014

O Tratado do nosso descontentamento

"Overdraft facilities or any other type of credit facility with the ECB or with the central banks of the Member States (hereinafter referred to as ‘national central banks’) in favour of Community institutions or bodies, central governments, regional, local or other public authorities, other bodies governed by public law, or public undertakings of Member States shall be prohibited, as shall the purchase directly from them by the ECB or national central banks of debt instruments."
Eis o que diz o artigo 104º do Tratado Maastricht que rege a União Europeia.
Nestes termos, o estado português como qualquer outro estado membro da UE, fica proibido de imprimir dinheiro para financiar o seu deficit, passando a ser obrigado a pedir dinheiro emprestado com juros à banca privada que o pode pedir emprestado directamente ao BCE com um juro simbólico.
Com uma golpada traiçoeira perpetrada em 7 de Fevereiro de 1992, os signatários do Tratado colocaram, em termos jurídicos, o poder político debaixo do poder financeiro, subordinando o Estado e a Democracia à ditadura dos" mercados". Deram assim o pontapé de saída para a dividocracia sem fim que se tornou galopante em economias frágeis como a nossa, face à sangria financeira do Estado e dos contribuintes para salvar os bancos de uma crise que só se deve sua cupidez que está na lógica do capitalismo.
Mas então quem foram esses signatários da nossa rendição que levou à politica austeritária que está a destruir as nossas vidas?
Foram os os reprentantes do poder político de todos os estados membro da União Europeia... com Cavaco Silva à cabeça que por acaso era o Presidente do Conselho Europeu em exercício e que proferiu na ocasião mais um dos seus discursos grandiosamente vazios. E também assinaram por nós,o deputado europeu do golfe, então Ministro dos Negócios Estrangeiros e o impagável adiantado mental Braga de Macedo, então Ministro das Finanças.
Não temos que nos queixar dos bancos. Foram membros da democracia representativa que assinaram a sentença, com a ignorante passividade de todos nós.